O que é inteligência? – Definição de inteligência

O que é inteligência?

A inteligência é um modus operandi complexo para o qual não é possível construir um conceito universalmente aceito. Certos autores chegam até mesmo a colocar em dúvida o valor científico de um conceito de inteligência para psiquiatria.

Uma das maneiras de perceber a inteligência é sob a ótica de uma questão de interpretação dos fatos, ou seja, se a interpretação não for conveniente para alguém, ela deixa de ser inteligente. Algo similar aos conceitos de “gravidade” e “inércia”, que variam conforme o tempo e a cultura em que estão inseridos. Inércia pode ser tanto movimento constante, quanto falta de movimento, dependendo do momento que estamos falando. Da mesma forma, não é possível falar em gravidade absoluta, uma vez que ela depende da massa dos corpos.

Dentro da psiquiatria costumamos dizer que a inteligência é primariamente comprometida em casos de deficiências mentais, quando o problema é congênito e em casos de demência, quando o paciente perde a inteligência que um dia teve. Indivíduos que sofrem destes problemas tem dificuldade para realizar até atividades básicas. Mas sendo assim, não estaríamos falando em perda de coordenação motora?

O comprometimento de realizar atividades simples definiria a inteligência como uma função integrativa. Primeiramente a inteligência seria necessária ao desempenho de tarefas vitais, em um segundo estágio, um sistema de relações cognitivas com significados tanto biológicos quanto sociais e culturais, tudo para suprir a necessidade de integração afetiva necessária à solução de alguns conflitos. Talvez chamar a inteligência de função integrativa deva-se, simplesmente à dificuldade de conceituá-la, classificando-a, consequentemente, como um mero rendimento psíquico.

Distanciando-se do conceito de integração afetiva, inteligência seria a capacidade de realizar de forma inédita, atividades caracterizadas como difíceis, complexas e abstratas, econômicas e adaptáveis a um objetivo de valor real, com concentração de energias. Contudo, atividades concretas, simples e fáceis também necessitam de inteligência para serem realizadas com destreza e rapidez. Na verdade, pessoas ditas “inteligentes” deveriam ser capazes de dar soluções triviais para tarefas difíceis, complexas e abstratas. Sem falar que o próprio conceito de “difícil” e de “valor real” é abstrato.

Algumas teorias defendem que a inteligência seria a capacidade agregada ou global para agir intencionalmente, pensar racionalmente e lidar de modo eficaz com o meio ambiente. Contudo, a inteligência pode ser apenas um catalisador para a formulação de fatores e habilidades aprendidas. Indivíduos inteligentes podem ser apenas aqueles que aprendem mais rápido.

Acreditar que a inteligência é uma capacidade agregada elimina o mérito do improviso. Mesmo que ao improvisar estejamos utilizando conhecimento agregado, estamos falando de informações aprendidas para outros fins, postas à prova sem a certeza dos resultados. De forma que adaptá-las configura inteligência.

Trabalhar a inteligência do ponto de vista da adaptação, ou seja, como uma capacidade de combinar conhecimentos para atuar melhor em situações novas, seria o mesmo que diagnosticar sua perda em todos os pacientes psiquiátricos. Se a inteligência leva a adaptação, seria fácil para um paciente ter consciência de sua doença e encontrar maneiras de contorná-la.

Inteligência pode ser ainda a faculdade de produzir reações satisfatórias do ponto de vista de verdade e realidade. Contudo, “verdade” e “realidade” são outros dois termos igualmente amplos. Pacientes psicóticos que vivem em uma realidade diferente agem satisfatoriamente segundo suas próprias verdades, e de maneira inteligente.

Benefícios da definição de inteligência

Como podemos ver, conceituar inteligência é, de fato, até agora, impossível. Se um dia descobrirmos que inteligência é uma função restrita, no futuro será possível prever o desenvolvimento e até mesmo a vulnerabilidade de indivíduos para doença mental. Definir inteligência seria algo similar a definir o que é normal. Se tais conceitos pudessem ser estabelecidos, não haveria dificuldade de diagnóstico ou tratamento, uma vez que a fronteira entre pacientes e indivíduos sãos seria absolutamente clara.