Cura na psiquiatria

Cura na Psiquiatria

Cura na psiquiatria é um assunto tratado sempre com cautela. O fato de transtornos mentais não terem fundamentos exclusivamente biológicos, leva os profissionais de saúde mental a evitarem a palavra. Link para o papel da cura na saúde mental no final do texto.

Os termos mais utilizados para substituir o substantivo são “controle da doença”, “remissão” e “recuperação”. Após assistirem a tantos altos e baixos das doenças, médicos, pacientes e familiares deixam naturalmente de acreditar na “cura”.

Na linguagem popular, ao invés de “cura”, dizemos que a doença está “controlada”, assim, a hipótese de que ocorra um novo surto não está totalmente eliminada. Este cuidado não é uma preocupação desmedida, é uma forma de preservar o alerta e não deixar de tomar os cuidados necessários para manter a rotina funcionando. Acreditar que um transtorno psiquiátrico possa ter “cura” é uma atitude irresponsável à medida que pode permitir um desleixo em relação às atitudes recomendadas pelo médico para manter a doença “controlada”. 

“Remissão” é o termo técnico para exemplificar o oposto de uma “crise” ou de uma “fase aguda”. Ou seja, é o momento em que uma determinada doença apresenta poucos ou nenhum sintoma. Dentro do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), “remissão” é a palavra que chega mais perto de “cura”. Nos casos de esquizofrenia, por exemplo, onde há grande tendência de recaída, a forma mais branda da doença seria, segundo o DSM, um “episódio único com remissão completa”, ou seja, quando é constatada apenas uma crise pontual e nenhum outro sintoma é identificado após a fase aguda.

Por outro lado, quando identificamos o fim de uma crise ou fase aguda, costumamos dizer que o paciente está recuperado. No entanto, a recuperação indica também o processo pelo qual os picos de transtorno são interrompidos por uma vontade abrupta do paciente de tentar reconstruir sua vida e interromper o ciclo de internação. Contudo, a recuperação nunca é uma “cura”, visto que mesmo que sintam que podem compensar o problema com trabalho e força de vontade, a hipótese de recaída permanece.