A dissonância entre a autopercepção da saúde mental e os sintomas relatados

No Brasil, a prevalência de sintomas que indicam problemas de saúde mental é significativa, com 30% da população enfrentando ansiedade, distúrbios do sono e questões alimentares. Surpreendentemente, pesquisas muito recentes revelaram que apenas 7%  das pessoas classificam sua saúde mental como ruim ou péssima, mostrando uma dissonância notável entre a autopercepção e os sintomas apresentados.

A faixa etária entre 16 e 24 anos destaca-se como a mais insatisfeita, com 13% considerando sua saúde mental desfavorável. Apesar dos sintomas relatados, 70% dos brasileiros veem sua saúde mental como boa, apontando para uma desconexão entre a experiência subjetiva e a realidade dos desafios emocionais.

A dissonância entre a percepção individual da saúde mental e os sintomas expressos pode ser atribuída à falta de compreensão e ao estigma associado ao tema. Cerca de 21% da população consultou profissionais de saúde mental nos últimos 12 meses, indicando uma lacuna na busca por ajuda. A sociedade, em grande parte, não reconhece que problemas como distúrbios de sono e falta de prazer em atividades habituais podem ser indicativos de depressão. Há uma tendência em associar questões de saúde mental a transtornos mais graves, como psicoses e dependência química, perpetuando essa dissonância entre o que é real e o que é preconceito – psicofobia.

Os dados também destacam disparidades de gênero, com a saúde mental feminina enfrentando pressões adicionais. Mulheres apresentam taxas mais altas de sintomas como pouco interesse, tristeza e depressão. As mulheres enfrentam uma carga psicossocial maior, evidenciada pela dupla carga de trabalho e exposição aumentada à violência. Globalmente, as mulheres enfrentam taxas mais elevadas de depressão e ansiedade, ressaltando a necessidade de abordagens específicas para lidar com os fatores sociais que contribuem para essas disparidades.