Barreiras da psicoterapia: por que resistimos ao tratamento?

A resistência que a maioria das pessoas manifesta em relação ao início de um tratamento de psicoterapia, mesmo quando se encontram angustiadas e reconhecem a necessidade de apoio, é um fenômeno psicológico complexo que pode ser atribuído a algumas razões fundamentais.

Mesmo que nos últimos tempos o entendimento do que é a psicoterapia e qual é o seu propósito venha se tornando cada vez mais claro e acessível, persiste uma relutância generalizada em relação ao tratamento psicoterapêutico.

Tem papel fundamental nesse comportamento os estigmas históricos associados ao tratamento, que o conectavam a doenças mentais graves e loucura. Muitas pessoas evitam a terapia para evitar serem rotuladas como “doentes mentais”, reduzindo assim a compreensão da psicoterapia a um único propósito, ignorando seu potencial para ajudar com desafios comuns.

A crença equivocada de que procurar terapia é um sinal de fracasso na gestão da saúde emocional é um obstáculo muito comum e que fica particularmente evidente em culturas que enfatizam a masculinidade tradicional, onde os homens são ensinados a serem fortes, reprimir suas emoções e manter o controle em todas as situações.

Outra barreira é o desejo de evitar emoções “ruins” e a expectativa de julgamento e crítica ao se expor durante a terapia. Mesmo que saibam que a terapia é um espaço livre de julgamentos e moral, muitos ainda esperam ser julgados, o que pode levar ao sentimento de culpa e vergonha.

Na psicanálise, compreende-se que as pessoas buscam ajuda terapêutica quando seus sintomas já não conseguem mais satisfazê-las, embora muitos deles possam, de alguma forma, proporcionar algum conforto. Embora esse processo possa ser desconfortável, já que enfrentar essas questões seja um processo que envolva vergonha, sofrimento ou medo, é importante lembrar que o terapeuta está lá para ouvir e entender a situação do paciente sem julgamento, buscando ajudar o paciente a alcançar seu melhor eu.

A psicoterapia é destinada àqueles que desejam reexaminar e redirecionar sua relação com seus sintomas e desafios emocionais. É para aqueles que têm a disposição de se responsabilizar pelo processo de mudança e estão dispostos a se comprometer com o trabalho terapêutico. A psicoterapia é, antes de tudo, para aqueles que ainda mantêm o desejo de uma vida mais saudável e gratificante.