Tecnologia e saúde mental dos usuários

Relação tóxica com a tecnologia: como saber

Durante a Pandemia de Covid-19, a mesma tecnologia que aproximou muitos indivíduos frente aos desafios criados pelo isolamento social, foi aquela que parece ter intensificado o consumo inadequado e excessivo de internet, redes sociais e vídeo games. Tendo em vista esta inserção cada vez maior do digital no mundo real, é conveniente enxergar as tecnologias como instrumentos, que como quaisquer outros, podem ser utilizados para o bem ou para o mal, para si e para os demais.

A internet e as redes sociais, por exemplo, oferecem interação informação e aprendizado, cultura, entretenimento e diversão. Por outro lado, as plataformas têm potencial de expor e aumentar a fragilidade de crianças e adolescentes, algumas das quais já enfrentam desafios semelhantes na vida prática cotidiana. Nesse período do desenvolvimento, um problema como o bullying, por exemplo, naturalmente passará a sofrer cyberbullying, ampliando ainda mais a sensação de baixa autoestima, uma vez que, com a internet a vítima fica mais suscetível ao assédio e o medo é potencializado.

Pesquisas direcionadas aos impactos da Pandemia de Covid-19 na saúde mental de crianças e adolescentes acabou revelando que, ainda que a internet tenha sido a ferramenta que mais ajudou a manter a rotina no período de isolamento social, os níveis de ansiedade e depressão aumentaram, refletindo negativamente na concentração e desempenho dos alunos, bem como, no rendimento das atividades dos adultos.

Os indícios do uso tóxico dos meios de digitais parecem estar, primeiro de tudo, ligados ao excesso de tempo perdido no seu consumo, deixando de lado atividades triviais como socializar fora das telas. Quando a rotina se afasta muito de encontrar pessoas, praticar esportes e, sobretudo, manter em dia as obrigações como tarefas de escola e trabalho.

No uso da internet também é preciso ter cautela e não automatizar tudo na rede como se não tivesse impactos na vida real. A internet e as redes sociais, bem como as interações que oferecem, são apenas um recorte da vida do usuário e não a sua totalidade. Um exemplo é esquecer que golpes na rede só crescem em número e prejuízos incalculáveis, independente de faixa etária.

Quando o uso dos meios digitais estiver prejudicando a rotina de escola, trabalho e socialização, o diálogo é a melhor forma de iniciar uma tentativa de entender por que esse uso não é mais saudável. Se não houver equilíbrio, pode ser momento de rever a rotina e tentar um melhor aproveitamento do dia. No caso de um aumento da ansiedade na hora de conter o uso permanente dessas plataformas, pode ser indicado falar com um profissional de saúde mental, como o psiquiatra.